O mês de novembro ficou conhecido como o mês dos descontos, em razão da Black Friday, que já entrou para o calendário oficial do varejo brasileiro.
Nessa época, pessoas e empresas ficam ansiosas pela “sexta-feira negra”, todos pensando nas oportunidades de fazerem bons negócios.
Mas, você sabe quem também fica à espreita desse dia?
O Monstro Tributário que assola nosso país, ansioso para dar aquela bela mordida na arrecadação de impostos.
Ou, você realmente achava que somente os consumidores aproveitavam?
Neste post falamos sobre o efeito dos tributos nos produtos ofertados e da possibilidade de um Black Friday tributário no Brasil.
Ainda respondemos uma grande indagação de consumidores: por que os descontos ocorrem apenas nesta época do ano?
De quebra, finalizamos com uma boa reflexão, a respeito dos tributos.
Quer ver? Acompanhe!
Você sabia?
Não existe um consenso, mas a teoria mais aceita diz que o termo black friday foi criado por policiais da Filadélfia, na década de 60, para se referir à sexta-feira após o feriado do Dia de Ação de Graças, em que o trânsito se tornava um caos.
O fluxo de veículos, por conta da folga prolongada e das partidas de futebol realizadas sempre nessa época, aumentava consideravelmente. E os lojistas resolveram aproveitar tanta gente nas ruas para fazer diversas promoções, na tentativa de atrair as pessoas.
Em resumo, o termo foi criado pela dor de cabeça que o feriadão criava para os policiais, e aproveitado, malandramente, pelos comerciantes, para aumentar as vendas.
A referência ao trânsito logo se expandiu e se tornou uma expressão local relacionada às ofertas, se transformando em uma grande tradição. No entanto, ninguém sabe, ao certo, como isso se espalhou para outros pontos dos Estados Unidos.
Mas, provavelmente, a vontade de aproveitar as promoções deve ter ajudado bastante nisso.
O efeito tributário
Além dos consumidores, o governo também fica de olhos e boca bem abertos, em épocas de grande fluxo no consumo.
Viver com na sombra do Frankenstein Tributário não é nada fácil. Por conta dele, os consumidores pagam mais caro pelos produtos e os empresários veem o lucro ir pelo ralo.
Só para você ter uma ideia do tamanho da mordida, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), fez um levantamento da carga tributária que incide sobre os produtos mais procurados nessa época.
O resultado não é nada animador, tanto para o consumidor quanto para o varejo.
O setor de tecnologia, abrangendo eletrônicos e eletrodomésticos, possui os itens mais procurados. Por uma (triste) coincidência, eles também são os mais tributados.
Um jogo de videogame, por exemplo, possui 72,18% de impostos sobre seu valor. Já um smartphone possui 68,76% de encargos.
Para quem é fã de tecnologia, viver no Brasil, chega a doer no coração (e no bolso).
Mas, não fica só nisso. Os impostos também afetam a compra de bens de consumo essenciais como, por exemplo, alimentação, combustível e vestimentas.
O preço abusivo quase sempre é culpa das taxas ‘extras’ que o Frankenstein adora.
E, para variar, quem paga a conta são as pessoas e as empresas.
Bom, mas existe a chance de surgir uma pequena luz no meio da escuridão dessa sexta-feira (desculpe, não resistimos ao trocadilho)…
A Black Friday dos tributos
Está tramitando no Senado um novo Projeto de Lei (234/2017) que, se for aprovado, irá criar ‘um dia livre de impostos federais’.
Por enquanto, a data seria a primeira sexta-feira do mês de fevereiro, quando os brasileiros poderiam adquirir bens de consumo isentos de vários impostos como IPI, PIS/Pasep e Cofins.
Já existem iniciativas semelhantes nos estados do Alabama e Flórida nos EUA, e que deram resultados positivos.
Portanto, agora é torcer para que a proposta, que será analisada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), seja aprovada.
Caso isso aconteça, e não haja recursos para que ela seja votada pelo Plenário do Senado, ela segue direto para a Câmara dos Deputados.
Mas, antes que você comece a se animar, já aviso que nem todos os produtos vão entrar nessa ‘promoção de tributos’. Serão apenas aqueles com custo final de até R$ 5 mil.
Além disso, a lei também não duraria pra sempre, valendo apenas por cinco anos após a data de sua publicação.
Ahá, e você pensando que o Frankenstein estava amolecendo, não é?! Quanta ingenuidade, jovem padawan.
Ta, mas por que só tem descontos nesta época do ano?
Dúvida mais que pertinente essa sua.
Afinal, se as lojas podem cobrar preços menores na Black Friday, sem ter prejuízos, por que não estendem esses valores para o resto do ano?
Antes que você se revolte e jogue uma pedra na vitrine mais próxima, vamos explicar.
A resposta está na expressão conhecida como “custo Brasil”, que reúne uma série de dificuldades enfrentadas pelos empreendedores do país.
Essas dificuldades abrangem a burocracia, os juros altos, a carga tributária mais complexa do mundo (você sabia que se gasta no Brasil, em média, 2.600 horas apenas para pagar impostos?!), os custos trabalhistas e a insegurança jurídica que dificulta a cobrança dos inadimplentes.
Ou seja, o problema vai muito além de apenas lucro e impostos.
Ainda existe um fator que piora essa situação. Os impostos sobre o consumo costumam ser relativamente elevados no Brasil em relação à maior parte do mundo.
Isso tudo torna a margem de lucro final, principalmente no varejo, muito baixa.
Agora, você deve estar se perguntando: mas, então, como se explicam os preços muito menores na Black Friday?
A resposta é mais simples do que parece. O enorme volume de vendas permite que as empresas negociem preços menores junto às indústrias, diluindo boa parte desses custos.
Mas além do justo questionamento, é necessário refletir…
Pagamos tributos para quê?!
E para encerrar, uma breve reflexão, propícia nesta época, mas que vale para o ano todo, tanto para consumidores quanto empresas.
Já estamos tão acostumados a lidar com o Frankenstein Tributário que quase chega a ser considerado aquele primo mala que só aparece para pedir dinheiro emprestado. E que você sabe que nunca vai te pagar.
Infelizmente, a sopa de letrinhas conhecida como os impostos que pagamos (IPTU, IPVA, IRPF, ICMS, IPI, PIS, Cofins, IRPJ, CSLL e por aí vai) é uma obrigação que temos de cumprir.
Mas, por outro lado, sabemos, realmente, onde o dinheiro recolhido nesses tributos está sendo utilizado? É o seu direito saber disso.
Teoricamente, eles deveriam garantir acesso a serviços públicos e de qualidade em saúde, educação, segurança, transporte, dentre tantos outros direitos assegurados em nossa Constituição Federal.
Não é bem o que vemos no nosso dia a dia, certo?!
Precisamos pagar, mas, também precisamos cobrar para que essas contrapartidas sejam realizadas em prol da nossa qualidade de vida. Fica a dica, que vale para todo o ano!